Lembre-se dessas palavras: vulnerabilidade, autenticidade, autocompaixão e sensibilidade. Elas costuram e sustentam “Coragem é agir com o coração”, novo livro de Fred Elboni. Como o título realça, há outro substantivo que, tal qual um espaçoso e generoso guarda-chuva, abriga todos os outros: coragem.
Coragem de se permitir ser – e não ser. Coragem de se desafiar. Coragem de quebrar as máscaras, revelando dores e delícias, alegrias e tristezas, saudades e anseios, felicidades e angústias. Após discorrer sobre os caminhos da paixão em “Você e outros pensamentos que provocam arrepio”, Elboni se volta para a fragilidade que nos funda e mostra que uma força acolhedora habita ali. Mais que isso: há na vulnerabilidade um sentido de existir com mais liberdade e plenitude. E a coragem de experimentá-la, quem tem?
Ser de verdade
A partir de histórias pessoais e de relatos de amigos e seguidores, o escritor constrói a sua defesa da coragem. O livro não destaca ações heroicas, ao menos não aquelas ditas cinematográficas, aparentemente restritas à ficção, mas as que se desenrolam no dia a dia, na realidade. “Coragem é agir com o coração” é sobre o que fica quando os filtros e telas se cansam, quando paramos de parecer ser algo e, enfim, somos. E o que somos? Como lidamos com o que somos? Não é preciso ir muito longe para identificar que essas questões são capazes de adoecer um corpo despreparado à caça de um padrão que o torne especial aos olhos da sociedade. Ilusões, ilusões.
“O mundo cobra que sejamos fortes e certeiros nas nossas decisões, como se todas as outras pessoas estivessem seguras das próprias escolhas, dos próprios amores, dos próprios sonhos”, explica Elboni para, em seguida, apontar a consequência imediata dessa lógica: “E isso nos torna solitários. Como se fôssemos anormais em um mundo cheio de gente normal”. Esse sabor amargo da solidão é um traço comum nos relatos colhidos. Diante desse cenário, uma pergunta sobressai justamente por apontar uma brecha: “Se a vulnerabilidade do outro me emociona, será que a minha também não pode ter o mesmo efeito sobre ele?”.
Vulnerabilidade é o poder
A vulnerabilidade é uma ponte para relacionamentos mais saudáveis, como destaca Elboni, embora ainda seja considerada por muitos um sinônimo de fraqueza. O medo de se revelar faz com algumas pessoas criem uma fortaleza para reter certas emoções. “Fica a pergunta: é necessário se proteger do quê? Do amor? Dos sentimentos verdadeiros?!”, questiona ele, lembrando que romper essa barreira é passo fundamental para amar verdadeiramente.
Ele também cita o trabalho de Brené Brown – autora de “A coragem de ser imperfeito”, entre outros -, que considera a vulnerabilidade um pré-requisito para a conquista da alegria, da paz interior e do amor. Para uma verdadeira conexão com o outro também, ele sintetiza a ideia. A possibilidade de não ter controle o tempo todo afasta também a necessidade da perfeição, uma ideia nefasta que ainda assombra homens e mulheres cotidianamente, causando estragos.
O que dizer das redes sociais, uma janela de comparação incalculável? O problema é sempre a medida e o modo como as usamos, avalia Elboni. “Selecionar os momentos mais compartilháveis e criar uma imagem de perfeição, de um estilo de vida que só existe na foto, é muito comum. Essa vida editada, vendida em várias redes sociais, faz com que muitos de nós criemos expectativas irreais”.
Apesar disso, o escritor não considera que o chamado detox digital seja uma solução. Se existe um problema, ele não está nos aplicativos ou em outras novidades tecnológicas, mas na insegurança, no perfeccionismo e na busca por aprovação externa. O antídoto para se esquivar desses vilões sociais é a reflexão constante, o questionamento. O que somos? Como lidamos com o que somos? Aquelas perguntas do início voltam à tona.
O conselho-chave de “Coragem é agir com o coração” é parar de tentar ser uma versão perfeita de si mesmo. Permitir ser corajoso é permitir que nossas imperfeições respirem e rompam o muro criado ao redor delas. “O que é verdadeiro nunca deveria ser motivo de vergonha”, Elboni insiste.
Uma vida aberta à vida
Estar aberto ao mundo, consciente de que não somos bons o tempo todo e de que não teremos tudo, é o desafio. A vida corre, por vezes aos solavancos. A noção de vulnerabilidade, tão cara ao livro, é parte de um processo de educação social e afetiva. Reconhecer e valorizar essas zonas menos nobres da nossa formação nos torna mais atentos ao mundo e aos outros. Se compreendemos efetivamente que não somos perfeitos, é mais fácil reconhecer que o outro também não é e não precisa ser. É a busca saudável por esse aprimoramento humano que faz a diferença e que nos liga uns aos outros verdadeiramente. Viver aberto às possibilidades da vida é, sem dúvida, um ato de coragem.
Como destacado no início do texto, a verdadeira coragem, aquela ligada ao coração, não está isolada. Ao contrário. A eficiência de suas ações prescinde de um movimento que engloba a inteligência emocional e o autoconhecimento. Caso um distraído interprete a vulnerabilidade como um devaneio desenfreado, Elboni reforça valores essenciais ao afirmar que ser vulnerável não “é abrir seu coração para todos; não é correr no meio da rua gritando que ama a humanidade nem expor sua intimidade para o mundo, revelando detalhes da sua vida com o intuito de estabelecer relações com qualquer pessoa. Para tomarmos coragem, precisamos nos sentir minimamente seguros, e quem traz esse lastro, quem dá as pistas para sentirmos quando e com quem vale a pena buscar essa conexão profunda, é a sensibilidade”.
Quem você acha que precisa ouvir isso hoje?
Ainda no livro, ele lista dez vantagens de se mostrar vulnerável. Os conselhos, explorados em “Coragem é agir com o coração”, encerram o post.
– Diminui o acúmulo de sentimentos ruins (raiva, medo, angústias, tristezas).
– Permite lidar com mais sinceridade, autenticidade e leveza com o que somos e sentimos.
– Demonstra maturidade emocional.
– Aumenta a probabilidade de conexões verdadeiras e profundas.
– Ensina que perder e ganhar não são antônimos quando o assunto são sentimentos.
– Ajuda a identificar o que realmente vale a pena.
– Faz entender que não é o fim do mundo ouvir um “não”.
– Nos leva a ser mais presentes, a falar o que sentimos no momento em que estamos sentindo, não depois, quando muitos já partiram.
– Promove a paz interior e inibe julgamentos, o que gera relações mais saudáveis.
– Nos faz enxergar a humanidade que existe em todos nós, já que todos somos imperfeitos.
Filipe é jornalista, especialista em jornalismo cultural e mestrando do curso de Cinema e Audiovisual da UFF. Nasceu em Salvador, foi criado em Belo Horizonte e há oito anos mora no Rio de Janeiro, onde passou pelas redações dos jornais Extra e O Globo. Gosta de escrever: roteiros, dramaturgias, outras prosas e alguns poucos versos estão em seu radar.
Nasceu em 1991, em São Paulo. Formado em Publicidade e Propaganda, é escritor, roteirista, palestrante e várias outras coisas que envolvem gente, viagens e comida. Foi roteirista do programa Amor & Sexo da TV Globo (2011-2012), fundou o portal EOH e é fascinado pelo comportamento humano e suas facetas. Em todas as redes sociais em que é ativo, gosta de mostrar às pessoas como tudo pode ser simples. Quando está escrevendo, conversando com as pessoas na rua ou simplesmente vivendo, tenta, sempre que possível, lembrar-se de que o segredo da vida está na busca pelo meio-termo. E, sim, escreve seu perfil em terceira pessoa porque acha que dessa maneira passa mais credibilidade.
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Nasceu em 1991, em São Paulo. Formado em Publicidade e Propaganda, é escritor, roteirista, palestrante e várias outras coisas que envolvem gente, viagens e comida. Foi roteirista do programa Amor & Sexo da TV Globo (2011-2012), fundou o portal EOH e é fascinado pelo comportamento humano e suas facetas. Em todas as redes sociais em que é ativo, gosta de mostrar às pessoas como tudo pode ser simples. Quando está escrevendo, conversando com as pessoas na rua ou simplesmente vivendo, tenta, sempre que possível, lembrar-se de que o segredo da vida está na busca pelo meio-termo. E, sim, escreve seu perfil em terceira pessoa porque acha que dessa maneira passa mais credibilidade.
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